terça-feira, 6 de março de 2012

Faz de conta que foi assim10

CAPÍTULO 9 – Infinito enquanto durar
ÊXTASE
(Guilherme Arantes)
Eu nem sonhava
Te amar desse jeito
Hoje nasceu novo sol
No meu peito...
Quero acordar
Te sentindo ao meu lado
Viver o êxtase de ser amado
Espero que a música
Que eu canto agora
Possa expressar
O meu súbito amor...
Com sua ajuda
Tranqüila e serena
Vou aprendendo
Que amar vale a pena...
Que essa amizade
É tão gratificante
Que esse diálogo
É muito importante...
Espero que a música
Que eu canto agora
Possa expressar
O meu súbito amor...
Eu nem sonhava
Te amar desse jeito...
“Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.”
Edward acordou por volta das cinco da manhã sentindo a falta de Bella ao seu lado. Viu por baixo da porta do banheiro que a luz estava acesa.
A claridade do dia começava a invadir o quarto. Apertou o controle remoto e as persianas se fecharam, deixando o ambiente completamente escuro.
Bella apagou a luz e saiu do banheiro, deparando-se com o completo breu.
– Ai!! – Praguejou baixinho por ter batido o pé na poltrona.
– Perdoe-me, amor, não sabia que ia ficar tão escuro. – Edward desculpou-se, acendo o abajur com o controle. - Tudo bem?
Bella quase gritou de susto. Não esperava que ele estivesse acordado.
– Sim, só fui fazer xixi.
Edward riu.
– Vem pra cama, Bella, o quarto está gelado.
– Está mesmo, acho melhor desligar este ar condicionado. – Ela sugeriu, subindo na cama, deitando-se em seu lugar.
Só então Bella percebeu o quanto estava com frio. Encolheu-se para tentar se esquentar mais rápido.
– Ei, vem aqui que eu te esquento. Você está tremendo!
Bella, sem graça de recusar, deitou-se em seu ombro, sendo logo envolvida por seus braços protetores.
– Você está gelada!! – Edward falou, apertando-a mais ainda junto a si.
Bella estava realmente com muito frio, mas naquele momento tudo o que seu cérebro conseguia processar era o calor e o perfume do corpo de Edward junto ao seu, esquentando-a. Era uma sensação reconfortante.
– Você não viu, mas nós dormimos abraçadinhos – disse Edward, dando-lhe um sorriso.
– É mesmo? Eu achei que tivesse sonhado.
Edward beijou-lhe a testa carinhosamente.
– De certa forma você está certa. Estar com você parece um sonho mesmo...
– Edward, obrigada por tudo o que está fazendo por mim! – Bella falou, tentando imaginar o que fizera para ser amada daquela forma tão intensa.
– Você não imagina o quanto eu sou feliz ao seu lado, Bella!! Você faz mais por mim do que eu por você. Tudo o que quero é te fazer feliz, da mesma maneira que você me faz.
– Eu sei, Edward. Já percebi isso, pelo jeito carinhoso que me trata. Preciso parar de ficar lamentando o que me aconteceu e fazer como você sugeriu: Começar do Zero. Quero que me ajude a conseguir isso.
– Claro que eu te ajudo, amor. Vamos fazer de conta que sempre foi assim...
Edward apertou-a mais ainda entre seus braços.
A felicidade era algo que se podia comprar sim, pensou.
– Está com sono? – Bella perguntou.
– Não, por quê?
– A gente podia caminhar na praia com o Bud, o que você acha?
– Acho perfeito.
– Então vamos!! Vou tomar banho rapidinho.
– Deixa a porta aberta.
– Hã? Mas...
– Não se preocupe, eu não vou entrar lá, Bella, mas até que pare de se sentir tonta é melhor que não se tranque em lugar nenhum.
– Está bem.
Bella pegou um biquíni e um short no closet e foi para o banheiro, apenas encostando a porta.
Edward ouviu o chuveiro sendo ligado e o barulho o fez imaginar a água escorrendo pelo corpo nu de Bella... Sua “esposa”. Era muita tentação... Cobriu a cabeça com o edredom e ficou quieto, sentindo seu corpo clamar por um direito que não tinha.
Assim que ela saiu, mais linda do que nunca, vestindo apenas a parte de cima do biquíni e um short, foi sua vez de se preparar.
Beberam rapidamente o suco que Cornélia preparou e ficaram de tomar o café-da-manhã quando voltassem do passeio.
Com um simples assovio Bud os acompanhou.
Quando chegou à praia, Bella tirou os chinelos e se deliciou ao sentir a areia fria sob seus pés.
– Eu adoro isso!
– Você sempre amou o mar, Bella. – Edward falou, se lembrando das inúmeras vezes que ela descrevera a casa onde morariam quando viessem para os Estados Unidos, sempre fazendo questão de citar que seria na beira da praia.
Andaram de mãos dadas por um longo tempo, até que Bella pediu para parar.
– Nossa, cansei! Dois meses dormindo atrofiaram meus músculos – brincou.
– Vamos descansar um pouco. Eu nem percebi de que tínhamos andado tanto.
Sentaram-se na areia e ficaram apreciando as ondas, num momento de completa paz.
Bud preferiu continuar correndo atrás dos pássaros que buscavam alimentos na praia.
Bella pensou no quanto era uma pessoa de sorte. Acordara de um pesadelo e logo já tinha mergulhado numa vida de sonho. Era amada por um homem lindo e gentil, era rica, morava numa casa maravilhosa, num lugar mais maravilhoso ainda e tinha o cão mais fofo do mundo. O que mais poderia desejar?... Pra que ficar presa ao passado, ou mesmo temer o futuro, se o presente estava lhe dando tudo o que precisava.
Tinha apenas uma coisa que ainda a incomodava: Precisava se tornar uma esposa de verdade para Edward, mas não se sentia à vontade com relação a isso. Ir para a cama com ele apenas para cumprir seu papel seria um desrespeito consigo. Admirava e respeitava aquele homem que estava do seu lado, mas queria mais que isso... Queria amá-lo.
Talvez se apaixonar por ele fosse mais fácil do que supunha. As reações de seu corpo quando Edward se aproximava era algo que ainda não compreendia inteiramente. Será que o amor que sentia por ele estava renascendo em seu coração?... Ou estaria apenas confundindo o sentimento de gratidão?
– Você está feliz, Bella? – Edward perguntou de repente, tirando-a de seus devaneios.
Ele estava tão repleto de felicidade que até duvidava que sobrasse alguma para Bella.
– Era para eu estar desesperada com minha falta de memória, Edward, mas por incrível que pareça eu estou bem, me sentindo leve. É como se eu não me importasse com o que passou, como se eu não quisesse saber quem eu era antes. Sim, eu estou feliz – constatou.
– Eu sei que é egoísmo meu me sentir tão bem diante de uma tragédia como a que te acometeu, meu amor, mas eu estaria mentindo se não dissesse que o simples fato de estar neste lugar lindo, ao seu lado, me deixa em estado de graça; faz-me sentir completo, pleno.
– Eu também me sinto assim.
Edward estendeu a mão e afagou gentilmente os cabelos de Bella. Seus olhos se encontraram e uma vontade avassaladora de beijá-la foi fazendo seu rosto ir em direção ao dela.
Bella sentiu as mãos suarem e ficarem frias. Percebeu imediatamente a intenção de seu esposo. Queria aquele beijo tanto quanto ele, ou até mais... Sem que se desse conta, passou a língua discretamente nos lábios, umedecendo-os.
Aquele gesto sensual foi um convite irrecusável para Edward. Em segundos sua boca encontrou a de Bella, tão doce e macia como da primeira vez.
O beijo foi calmo e lento, apenas com os lábios, mas por dentro o sangue fervilhava nas veias de Bella. Era como se ela voasse juntos com os pássaros daquela praia. Não sabia como definir o que estava sentindo, mas era óbvio que era algo bom, algo que lembrava paz.
“Se você sabe explicar o que sente, não ama, pois o amor foge de todas as explicações possíveis.”
(Carlos Drummond de Andrade)
Edward se afastou, lutando contra o magnetismo que o puxava para junto dela.
– Deculpe-me, Bella, não sei se devia ter feito isso.
Bella levou a mão à boca e depois sorriu.
– Eu também quis, Edward. Sou sua esposa, não tem por que se desculpar por me beijar. Você poderia exigir muito mais que isso, mas mesmo assim está tendo paciência comigo. Eu é que tenho de agradecer.
– Você quis, Bella? – Edward perguntou carinhosamente, acariciando seu rosto. Ele mal acreditava no que tinha acabado de ouvir.
Bella balançou a cabeça afirmativamente. Sua pele estava corada.
– Você já me amou e eu tenho esperança que esse sentimento ainda esteja guardado em seu coração. Eu esperarei o tempo que for preciso...
Edward queria poder dizer a tinha esperado por dez anos e que aguardaria mais dez se fosse preciso.
– Bella, – Edward continuou – sabia que é a segunda vez que eu te dou seu primeiro beijo?
Ela sorriu pra ele.
– Eu tenho sorte... Vamos? – Bella chamou-o, tentando disfarçar as reações que aquele beijo tinha provacado em seu corpo.
– Vamos! – Edward respondeu, trazendo no rosto um sorriso exuberante, afinal tinha acabado de beijar a mulher de seus sonhos.
Quando Bella levantou-se percebeu o quanto suas pernas doíam, mas resolveu não falar nada para não preocupá-lo. A casa parecia que se afastava a cada passo que ela dava em sua direção, tamanho seu cansaço.
– Edward, vamos parar mais um pouquinho?
– Está sentindo alguma coisa, amor?
– Só minhas pernas que estão doendo um pouco.
Sem pensar, Edward pegou-a no colo.
– Eu te carrego.
Bella não teve forças para contestar. Primeiro, porque duvidava que conseguisse dar mais um passo sequer; segundo, porque estar nos braços de Edward era extremamente agradável.
Passou os braços em volta do pescoço dele e apoiou a cabeça em seu peito.
– Vai se cansar.
– Você é levinha. – Edward comentou, extasiado com o fato de Bella estar em seus braços, colada a seu corpo.
Bella resolveu relaxar e aproveitar o momento.
– Você tem um cheiro bom, lembra chuva na terra.
Edward riu alto.
– É bom saber disso.
Estar tão perto do corpo de Edward fez Bella se lembrar que apenas ela tinha perdido a memória. Na cabeça de Edward deveriam ter todas as lembranças dos dois juntos, se beijando, fazendo amor...
– Edward, eu era boa de cama?
O som de Bella se estatelando no chão soou abafado na areia fofa.
– Aaaai!
– Oh, oh meu Deus!! Desculpa, Bella, eu ... eu... Eu tive câimbras. – Edward mentiu, ainda entorpecido pela pergunta que acabara de ouvir. Ela o tinha pego completamente de surpresa.
– Você se machucou? – Perguntou preocupado, sem acreditar que a tinha soltado de susto.
– Não. E você, melhorou das câimbras?
– Sim, já passou.
“Não pergunta de novo, por favor, por favor!!” Edward tinha se preparado muito bem com a equipe de Roarke para responder as perguntas de Bella, mas aquela não estava no script.
– Acho melhor eu ir em suas costas, vai que te dá esse treco de novo?
Bella agarrou o pescoço de Edward, por trás, e, com sua ajuda, envolveu sua cintura com as pernas. Seu rosto ficou no ombro dele, bem perto de sua orelha e foi ali que ela, para desespero dele, voltou ao assunto.
– E então, eu era ou não era boa de cama?
Edward cerrou os olhos e enrugou a testa, ciente que aquela tentação era o preço que tinha de pagar por toda a tristeza que já tinha lhe causado. De repente Bella começou a pesar cem quilos.
– Era sim Bella. Fazer amor com você sempre foi mágico. A melhor coisa do mundo.
Edward baseou-se em suas fantasias para dizer aquilo, mas no fundo sentiu um dor atravessar seu coração ao pensar que James ou qualquer outro ex-namorado de Bella poderia responder aquela pergunta sem mentir.
“Por Deus, Bella, para por aí!!” Ainda bem que ela não podia ver sua cara de desespero.
– A gente transava muito? – Bella achou bom que não tivesse de encará-lo, mas estava muito curiosa para deixar sua timidez a travar.
“Eu mereço!”
– Sim, Bella, quase todos os dias.
– Ham...
Bella resolveu parar de perguntar. Enfiou a cabeça no vão do pescoço de Edward e suspirou.
– Eu queria me lembrar... – Sussurrou, entregando-se.
“Eu queria que fosse verdade...”, ele pensou.
Edward não comentou nada, torcendo para que as perguntas acabassem. Se Bella falasse mais alguma coisa sobre aquele assunto ele a deixaria cair novamente, tinha certeza.
Tomaram café na varanda como um casal feliz e apaixonado.
Edward olhou ao redor e percebeu que em apenas um dia Bella tinha transformado aquela casa em um lar... O lar que sonharam... O lar que ele achou que nunca mais teria...
“Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A presença distante das estrelas!”

1 comentários:

Drica Taíssa disse...

Que lindo!!!! Cara eu to amando essa fic msm msm!

Postar um comentário